Sobre o geranio enviam densa nevoa : Agouro inutil! Viriato nobre Dos Deoses nem dos homens desconfia: A sensivel Arminia é só quem teme... Deoses! por que razão almas vulgares, Tratta-se a paz: os tres Embaixadores Que ao campo dos Romanos se encaminham, Falsos amigos, emulos ingratos, Tramam com Scipio do seu Chefe a morte: (10) E lá vence a Romana perfidía Quem não poude vencer Romana espada. Do campo voltam com fingida magoa, A noite desce negra e taciturna; No campo impera lugubre silencio: O somno quasi vence as sentinellas; E na tenda do heroe apenas se ouve Tranquillo resonar o pae da patria. A traição só vigia... Aulaces entra: Mais que as Furias do Averno temerarios, A patria geme, os Deoses accusando... Pede vingança aos Ceos... os Ceos não ouvem. Cobre de lucto Amor o Gnideo templo: E em quanto della as Parcas se descuidam, Qual ave que se esconde entre ruinas, Qual Niobe, que a dor desfaz em pranto. (11) Fatal Geranio! monumento infausto Do caso acerbo! Clio lacrimosa (12) Silencio, magoas! Natureza indica Menos rude vereda ao pensamento. De gentis borboletas cobre o campo, (13) São quatro as ordens; nestas distinguimos Que enriquecem a terra, e os seres fartam. Como n'um vasto imperio, nesta Classe, No primeiro jardim, ordem pentandria, Reina um genero, qual real linhagem. No segundo só dois, rara nobreza, Qual deve ser no Estado, se se entende Quanto custa a ser nobre, e quanto vale. Muitos generos ha nas outras ordens, Desta tribu a estructura curiosa, De um calix monophyllo as cinco pontas São defeza das pétalas e encosto: (15) A pétala maior, como estandarte, Sobre as outras mais curtas predomina, E da furia do vento e chuva as guarda: São como as azas duas que protegem A carina que é cofre de thesouros Que dentro della encerra a Natureza. Em fraternal congresso, nesta occultos, Os estames o germe acompanhando, Em dois corpos sómente se separam: Taes são da Diadelphia as lindas filhas. Quantas paixões e dotes seu aspecto Annunciam tambem! Doceis, ligeiras, As costas voltam contra ousados ventos. Não são como essas desenvoltas nymphas Que a face altiva mostram porque é bella: A frente amavel para a terra inclinam; Modestas, de si mesmas se não fiam: Amorosa gavinha as entrelaça (16) Com mais robustas plantas que as protegem. Nos jardins que revestem tudo é gala: São cachos, são umbrellas, são corymbos, (17) São borboletas matizadas, lindas: Umas teem felpa, as outras despojadas Deste ornamento bello, o prado adornam. Quantos legumes saborosos cobre Uma silica branda! Com que graça Verde e branco o faval recrea a vista! Como a luzerna, que viçosa cresce, D'esmeraldas os campos alcatifa! Quantas mais com profusos dons contentam Da Polyadelphia as arvores pomposas, (18) Perpetuamente verdes, versos chamam. Na flor se erigem corpos numerosos Quaes molhos, quaes pinceis são os estames Lá onde em lutta geme o Novo-mundo, Seu cheiro unido aos Indicos aromas As matutinas mesas embalsema. Seves empenha as artes, o desenho, (20) O colorido sobre, a lactea terra Que em seu concavo seio ha de guardá-lo. Da estragada Herculaneo ou de Pompeia, (21) Que modelo hão de ser da taça rica. Digno das mãos d'Hebéa, então só digno (22) Caracas! patria delle: ah! não, não luttes. (23) Cultiva as plantas, teu commercio cuida: As estranhas paixões do seio arranca, Qual herva má que as boas prejudica: Não desdenhes o chão que o Sol protege, Onde em triumpho a Polyadelphia reina. |