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CANTO VI.

A

(1) Aganippe, Caballina, Hyppocrene, e Castalia, são nomes que os Poetas deram a uma fonte que corria pelo monte Parnaso, e servia de gostoso recreio ao Deos Apollo e ás Musas, que bebiam da sua agua. Fabularam que tinha rebentado de uma penha ferida pela unha do cavallo Pegaso.-C.

(2) Andromeda segundo a Mythologia, era filha de Cepheo, rei da Ethiopia, e de Cassiopéa, que teve a presumpção de se acclamar mais formosa que Juno, e que todas as Nereidas. Estas, para se desaggravarem, fizeram com que o deos Neptuno suscitasse contra aquelle paiz um monstro marinho tão feroz que matava gente, e assolava e destruia o reino. Consultado o oraculo de Jupiter Ammon, respondeo que expuzessem os reis sua filha Andromeda no sitio por onde o monstro costumava sair do mar, para que a devorasse, e assim acabaria aquelle flagello. Foi portanto Andromeda sacrificada ao bem publico, e agrilhoada nua a um rochedo na praia, para servir de pasto á horrivel fera. Porêm quando a infeliz se achava em tamanha angustia, acertou de passar pelos ares Perseo, que vinha da expedição das Górgonas, montado no cavallo Pegaso; e vendo a Princeza naquella situação, baixou á terra para îndagar o motivo de semelhante espectaculo. Informado por ella de tudo o que era passado, preparou-se para a defender; e com effeito deo cabo do monstro, e libertou a donzella, que a final foi sua esposa, com muito gosto seu e de seus paes, a quem

Perseo teve tanto amor, que por seus rogos, segundo conta Hygino nas suas Fabulas, foram todos collocados no Ceo, como tambem o cavallo Pegaso, formando as constellações denominadas Cepheo, Cassiopéa, Perseo, Andromeda, e Pegaso. Vid. Metamorph. d'Ovidio, liv. 4.-C.

(3) Nesta Lachéa praia, etc. Vid. a Odysséa de Homero. C.

(4) Os Cerastes eram uma especie de serpentes que se representavam armadas de duas pontas na cabeça.-C.

(5) Os Typheos, Geryões, e outros Titanos, etc. Allude aos gigantes filhos da terra, que intentaram expulsar do Olympo os deoses, e foram fulminados por Jupiter e Apollo. Vid. o liv. 4.o da Odyssea de Homero, e o liv. 1.° das Georgicas de Virgilio. -C.

(6) Tal me vejo qual vio esse insensato, etc. Allusão a Prometheo, filho de Japeto e de Climene, o qual tendo furtado o fogo do Ceo, como dizem os Mythologos, para beneficio dos homens, foi por ordem de Jupiter amarrado com fortes cadêas a um rochedo do monte Caucaso, onde um abutre lhe desfazia continuamente o figado, que se regenerava á proporção que era devorado. Hercules porêm o libertou deste supplicio.-C.

(7) Salvou Turno dos golpes do heroe Phrygio, etc.— Isto allude a varias passagens da Enneida de Virgilio, onde se refere como Turno, rei dos Rutulos, no Lacio, foi protegido pela deosa Juno em varios combates que teve com Ennéas, filho de Anchises e Venus, e natural de Troya na Phrygia.-C.

(8) Medusa, uma das tres Górgonas, tinha uns cabellos de grande belleza. Atrevendo-se a contender sobre formosura com Minerva, esta lhe transformou em fêas cobras os formosos cabellos de que se gloriava, e deo a seus olhos a força de mudar em pedra todos aquelles para quem olhavam. Perseo cortou a cabeça de Medusa, e a levou comsigo, servindo-se della para petrificar os seus inimigos. Do sangue que jorrou do pescoço de Medusa nasceo o cavallo Pegaso.-C.

(9) A Cryptogamia é a 24. Classe do Systema sexual de Linneo, cujo caracter é negativo; isto é, nos vegetaes desta Classe não se descobre um aparelho sexual manifesto e regular, como nos das Classes precedentes: aqui as formas são de tal modo mascaradas e occultas que não parecem taes orgãos, ou mesmo não existe tal aparelho: esta Classe por consequencia encerra os cryptogamos e os agamicos (se é que existem). A Cryptogamia divide-se em quatro ordens, a saber: Fetos, Musgos, Algas, e Fungos, sem caracteres rigorosos; mas unicamente classificadas pelo seu habito externo, e enumeração de algumas qualidades mais ou menos geralmente existentes nos individuos da mesma ordem.-B.

(10) Tudo é segredo nella, o nome o indica:— Cryptogamia é palavra composta de duas gregas, cryptos, occulto, e gamos, casamento; pela razão de que os orgãos de fructificação das plantas desta Classe não são apparentes á vista simples.-B.

(11) E o grandevo Nereo, etc.- Epitheto que Virgilio no livro 4. das Georgicas dá a este deos marinho, filho do Oceano e da deosa Thetis, segundo Hesiodo. Significa antiquissimo.

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(12) Vejo-as, co' as leis maritimas, crustaceas, etc. --

Parece que a Auctora nestes dois versos quer alludir a diversas especies do Genero Lichen da Ordem Alga; por quanto nesse genero ha a especie Lich. calcarius, Lich. olivaceus, Lich. saxatilis, que pela natureza do assento em que vivem variam assás; ou quereria dar a entender algumas especies do genero Conferva, v. g. Conf. fontinalis, que algumas vezes se encrustam de saes calcareos que a agua leva em suspensão; e formam o phenomeno ditto petrificação.-B.

(13) Melito, uma das nymphas do mar, chamadas Nereidas por serem filhas de Nereo e Doris; assim como Panope e Galathéa, das quaes se falla mais abaixo.-C.

(14) Os cintos de Panope e Galathéa, etc. Vid. a nota antecedente.-C.

(15) O filho d'Amphitrite é Tritão, semi-deos marinho filho tambem de Neptuno, e seu trombeta; e por isso o representam tocando um grande buzio. — C.

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(16) E o seu Pastor, que enigmas desenvolve. Allude a Protheo, deos marinho, e adivinhão, cujos oraculos iam consultar. Delle já se trattou na nota (25) do canto 5.-C.

(17) Só elle dizer póde se são plantas, etc.— Assim como os ultimos sêres do Reino animal teem já uma organisação tão pouco complicada, que custa a crer se são os ultimos daquelle reino, se os primeiros do vegetal, do mesmo modo os ultimos vegetaes custa a crer que pertençam ainda ao Reino organico. E deste modo nos convencemos que a marcha da Natureza é sempre lenta e insensivel; passa de uns a outros sêres imperceptivelmente; e é este grande facto que se tem traduzido no axioma- Natura saltus non dat.-B.

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