Графични страници
PDF файл
ePub

ARGUMENTO DO I. CANTO.

[ocr errors]

D EMINISCENCIA da infancia de Henriqueta - Proserpina -Invocação ao Descanço - Origem da BotanicaSeus progressos até Dioscorides-Morte de Plinio-Tournefort Seu systema - Progressos da Botanica até Jussieu. Fructificação Desenvolvimento do grão das folhas — Resultados da semente Jardins de Alcinoo Apostrophe a Henriqueta Effeitos da moda sobre o estudo - Descripção do sitio onde conflue a Vaga com o Saverno-Saudades das Tagides.

--

[ocr errors]

CANTO I.

A HENRIQUETA.

Tum spissa ramis laurea fervidos
Excludet ictus...

So doze Primaveras tinham visto

Hor. Od. XII. Lib. II.

Os teus olhos modestos, Henriqueta,
Quando as flores cheirosas te excitavam
A paixão innocente que as explora.
Brincando na campina, o teu thesouro
Entre as filhas de Flora procuravas:
Eram grinaldas, ramalhetes, c'roas
Que tecias; e em premio de outros jogos
Ás socias juvenis alegre as davas.
Na luta, na carreira disputavam

Teus irmãos, por um ramo que colhias.
Era assim que a gentil filha de Ceres, (1)
No sitio onde Typheo horrido geme, (2)
Cestas enchia de mimosas flores;
Ornava a frente e o peito de boninas:
Herborisava, como tu, contente,

Sem recear do Averno o hirsuto Nume.

TOMO IV.

Era assim que Hypicáris (+) n'outro tempo Recreava os meus olhos; que pagava

Os maternos cuidados de minha alma.

Henriqueta feliz! tu me consolas

Do roubo infausto que outro infernal Dite (3) Fez, provocando o meu continuo pranto.

Eu, como a Deosa, se pudesse, fôra
Increpar Jove deste infame roubo
Á luz do Sol: a terra, vagabunda,
Correra toda, procurando a filha:
Em tochas os pinhaes do Etna inteiro
Converteria, se buscando a achasse.

Plutão foi menos duro: é menos triste
Reinar no inferno que obedecer em França (4).

Dor que me rasgas sem piedade o peito!
Vergonhoso supplicio que ignoraram
As Furias habeis em crear tormentos!...
Dai pois lugar a sensações mais brandas.

Attributo ditoso d'Henriqueta, Socego! dom celeste! hoje te imploro.

A Botanica, origem de prazeres
Que o turbulento vulgo não conhece,
Nasceo quando era o mundo inda novato.
O filho de Semele ornou de parras (5)
A frente, o thyrso; e cultivando a vinha,
Tirou das uvas o liquor saudavel

Que alegra os ritos serios e os festejos.

(*) Juliana.

Triptolemo aprendeo de Ceres alma (6)
Do trigo as propriedades. A Achilléa,

E outras plantas, Chyron colheo nos prados. (7)

Numa, talvez, benefico estudava
Com Pythagoras sabio esses escriptos (8)
Que o tempo extraviou, e que continham
Quanto os modernos talvez hoje indagam. (9)
Comtudo, amontoaram-se as idades:

A Sciencia dormio, té que nos campos
Theophrasto fixou attento a vista. (10)
Em lethargo de novo as plantas jazem;
Quando a Cilicia reproduz um Sabio (11)
Que os templos abra da pomposa Flora.

Outro heroe das Sciencias, outro martyr,
Inflammado do amor da Natureza,
Incompleto nos deixa o seu trabalho;
E, temerario, se encontrou co' a morte.
A larga bocca do Vesuvio ardente
Vomita a lava em turbilhões de fogo:
Em vão Plinio se affasta, em vão forceja
Para salvar co' a vida noções novas:
Ganha a torrente rapida a carreira,
E o Sabio envolve no lethal destroço.

As boninas pacificas, que ornavam
As campinas ditosas, esmorecem ;
Falta Plinio que as colha, que as observe:
E qual na praia triste, abandonada,
Ariadna ficou longe do amante, (13)
Flora gentil, e as flores que criava,
Esquecidas nos campos se murchavam.

TOMO IV.

2 *

(12)

« ПредишнаНапред »