Графични страници
PDF файл
ePub

ODE. (1)

A instabilidade.

São breves nimiamente os nossos dias,

Curto é o termo fatal que nos illude
Co' a doirada esperança !

Repara como Phebo despedido

Vem lá desde o nascente, vem rolando,
E o quebrantado Tempo

Com seu magico sceptro acena e chama
A escura noite com que fecha o dia:
Em crepes denegridos

N'um ponto envolve a scena variada.
Amigo, assim da vida a densa noite,

Assim tambem se apressa,

Ninguem revoga o dia moribundo;
Nem atear a luz quasi expirante
As Divindades podem:

Nem a corrente area do clypsidro,
Nem o vôo das horas aquiligeras
Ousada mão suspende.

Gira a palida morte distrahida
No circulo prescripto, e mansamente
No peito s'insinua ;

Da fugitiva idade gasta as forças;
Vence; e traz após si o esquecimento,

Que abre a Eternidade,

(1) No autographo da auctora acha-se esta peça titulada assim: Ode de D..,A instabilidade - Traduzida do allemão. Ao Conde de Donhoff.

[ocr errors]

Que apaga pouco a pouco ós monumentos,
De polo a polo extingue os grandes nomes,
Extingue a pompa humana,

Já nas ermas ruinas dos palacios
Apenas se ouvem lugubres gemidos
Das agoureiras aves:

Por entre as columnatas devastadas,
De venenosas serpes assobia

Mortifera ninhada.

Nas ardentes areas, que não trilha
Humano pé, de sangue sequioso
Feroz a presa segue,

Os desertos atroa com rugidos
O comado leão, e o leopardo.

Lá foi Memphis um dia!...
Lá Babylon, Corintho a magestosa !...
O alcantilado alcaçar foi dos Persás,
Que o mundo dominaram!...

Lá Carthago surgio, altiva e fera,

D'entre as salgadas ondas, como o cedro
Que ás nuvens se levanta,

Que contra os ceos s'eleva d'entre arbustos,
Até que a furibunda tempestade

Os troncos lhe desfolhe;

Té que o raio atrevido o desarreigue,
E por terra o derrube sem remedio
A rubra mão de Jove.

Assim passareis vós!... Tu, alta Roma,
Tu, na fertil Ausonia dominante!...
Tu, centro de prazeres,

Lutecia corrompida e tormentosa!....
Tu, que dois mares reges atrevida;
E tu, cara Lisboa,

Do Atlantico mar dominadora!...

Já debaixo de ti tremeo o abysmo,
Mugio, abrio-se a terra:

Os insepultos corpos, as ruinas

Dos templos, dos palacios derrubados,
Varreo vaga espumante.

Mas qu'importa? marmoreos edificios
Das cinzas nascem: vê que inda sujeita
A ultima das ondas

Do suberbo Oceano te obedece ;
Off'rece-te os tributos preciosos

D'aromas e de oiro:

No mais puro cristal nectareos vinhos
Augmentam do festim embriagado
A Bacchica alegria:

As citaras, as flautas, concordando
Com as magicas vozes dos cantores,
Que respiram deleite,

Rompem pelos salões illuminados,
Zunindo em coros, encantando as gentes.
Tremei, ó descuidados!

Assim prepara a surda calmaria

As iradas borrascas que ameaçam...
Os desastres fermentam,

Até que o grande Jupiter acene,
E do alto do Olympo trovejando
Aos temerarios falle:

Té que um fogo sombrio e devorante,
Qual raivoso vulcão, sobre os viventes
Em turbilhões se arroje.

IMITAÇÃO

DO

PRIMEIRO CANTO

DAS

SOLIDÕES DE CRONEGK.

« ПредишнаНапред »